domingo, 23 de setembro de 2012

Manual do Cortisol v1.0




Introdução

Cortisol, ou hidrocortisona, é um glicocorticoide, pois tem importante efeito de aumentar a glicose sanguínea. A liberação de cortisol é mediada por outro hormônio, ACTH.

Você já deve ter ouvido falar de cortisol, corticoide e cortisona, mas talvez não saiba bem a diferença entre eles. Corticoides são outros tipos de glicocorticoides que tenham efeito parecido com o do cortisol. Cortisona é o cortisol sintético. Então vamos nos ater ao Cortisol, que é o principal glicocorticoide do nosso corpo.

Porque que você deve saber sobre Cortisol

  • Aumenta a gliconeogênese em 6 a 10 vezes. Age no fígado aumentando a atividade de enzimas que convertem aminoácidos em glicose. Acho que já é informação suficiente pra você se dedicar a aprender um pouco mais sobre ele. Tem mais:
  • O cortisol provoca a mobilização de aminoácidos a partir dos tecidos extra-hepáticos, principalmente dos músculos.
  • Reduz os depósitos de proteína de todas as células do corpo, menos das do fígado.
  • Em grande excesso, os músculos podem tornar-se tão fracos que a pessoa não consegue se levantar da posição agachada.
  • As funções imunológicas podem ser reduzidas para apenas uma fração do normal.



Mas pra quê que ele faz isso? Pra aumentar as reservas de glicogênio no fígado, formando um estoque para situações de necessidade. É um mecanismo poupador de glicose. Além de aumentar sua formação a partir de aminoácidos, ácidos graxos e outras moléculas (gliconeogênese), ainda diminui a taxa de utilização de glicose pela maior parte das células do organismo.

Então podemos deduzir o que acontece quando a secreção de cortisol é aumentada ou quando a pessoa usa corticoide por muito tempo. Pelo seu efeito poupador de glicose, fará uma hiperglicemia (nesse caso chamada de Diabetes Adrenal), além de remodelamento corporal por depósito de gordura no tórax e na cabeça, e deteriorização do tecido muscular.

Cortisol engorda?

Por ser poupador de glicose, o cortisol aumenta a degradação de gordura assim como faz com o músculo. Só que ainda não é bem explicado por que alguns indivíduos experimentam um tipo de obesidade, na qual se acumula gordura na face e no tórax. A gordura é queimada constantemente, mas foi sugerido que altos níveis de cortisol estimulam excessivamente a ingestão alimentar, acabando por acumular gordura onde ela demora mais pra ser queimada.

Cortisol e treinamento: como aproveitar ou evitar seus efeitos

Qualquer trauma ou estresse físico ou mental aumenta a secreção de ACTH, que frequentemente aumenta até 20 vezes o nível de cortisol. O cortisol atinge seu pico pela manhã ao acordar e vai diminuindo até chegar a noite antes de dormir e fecha o ciclo.

Portanto temos dois picos de cortisol: ao acordar e após o treinamento (estresse físico).
Como o cortisol é poupador de carboidratos, pra quem quer perder peso, posicionar seu treinamento aeróbico nos momentos de pico de cortisol é o mesmo que queimar gordura muito mais rápido (porém mais músculo também, deve ser feito com cautela).

A ingestão de carboidrato de alto índice glicêmico nesses períodos contribuem para o aumento de insulina e queda de cortisol, por isso quem quer perder peso mais radicalmente faz aeróbico logo ao acordar, em jejum e depois de malhar (deve ser bem avaliado antes de fazer isso, risco de hipoglicemia com tontura, fraqueza e desmaio).

E opostamente, quem quer se manter num estado anabólico, usa carboidrato de alto IG justamente nesses dois momentos! Pois se o cortisol serve pra reservar carboidrato, quando você ingerir carboidrato de rápida digestão e absorção ele não será mais necessário. E é claro, evitar ficar muito tempo em jejum, dormir pouco e tensões psicológicas são recomendações básicas pra quem quer se manter longe dos efeitos catabólicos do cortisol.

Referências

Tratado de Fisiologia Médica 11ª edição, Guyton & Hall.

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