quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Manual de Testosterona v1.0




Introdução

A testosterona é um hormônio produzido pelas células de Leydig, no testículo, sob o estímulo do hormônio luteinizante (LH). É um andrógeno, ou seja, um hormônio esteroide que possuem efeito masculinizante. Uma substância fortemente androgênica é aquela que tem alto poder de masculinização.

A mulher também produz uma baixa quantidade de andrógenos, pelas glândulas adrenais. Alguns deles são convertidos em testosterona, respondendo por características como o crescimento de pelos pubianos e axilares.

Testosterona e treinamento

Aumenta a taxa metabólica basal em 5-10% por aumentar a atividade de todas as células, aumentando a velocidade de recuperação.

Aumenta a quantidade de hemácias, um homem normal tem 15-20% mais hemácias que um homem sem testículos, melhorando a oxigenação tecidual durante o exercício.

Aumenta a densidade dos ossos, tornando-os mais resistentes às possíveis fraturas durante um treinamento intenso.

Após a puberdade, graças à testosterona, os homens aumentam cerca de 50% de massa muscular em relação às mulheres, pelo seu efeito no metabolismo das proteínas.

O que é muito falado sobre a testosterona é sobre sua relação com o cortisol (ler o Manual do Cortisol). A testosterona, na verdade, não possui nenhum mecanismo de regulação dependente de cortisol. O que acontece é uma situação específica que provoca simultaneamente a queda de testosterona e elevação de cortisol (diminuindo a razão testosterona/cortisol).

Enquanto o aumento do cortisol é um fenômeno esperado, uma vez que este hormônio induz a proteólise e a lipólise para a obtenção de energia, desconhece-se o motivo pelo qual a testosterona diminui durante e após um exercício de longa duração.

Alguns autores observaram aumento de testosterona em exercícios de curta duração, ou exercícios de força (Monitoring exercise stress by changes in metabolic and hormonal responses over a 24-h period; Cortisol, testosterone and insulin action during intense swimming training in humans), enquanto várias modalidades de exercícios intensos e de longa duração (> 2 horas) promovem aumento dos níveis de cortisol e redução dos de testosterona, logo após o término do exercício.

Isso quebra o mito popular de que treinar é aumentar cortisol e diminuir testosterona. Na verdade, a relação testosterona/cortisol é um indicador fisiológico da sobrecarga de treinamento à qual o indivíduo está exposto e não deve ser encorajada para quem quer ganhar massa muscular. É um dos fatores que explicam a diferença física entre corredores de 100m rasos e maratonistas.

Devido a isso, deve-se manter um treino de alta intensidade e não de grande volume, preferencialmente de até 1h de duração.

Testosterona e acne

O aparecimento de acne tem predisposição genética. E essa predisposição genética é pelo controle da produção de andrógenos, alguns geneticamente terão tendência maior a produzir mais testosterona do que outros.

A testosterona provoca hiperqueratinização folicular e aumento da secreção de sebo de praticamente todas as glândulas sebáceas do corpo. A formação de acne tem 4 pilares fundamentais (mais detalhes no artigo Acne e dieta: verdade ou mito?), e a testosterona atua direta e importantemente em dois deles.

Por isso que a acne é mais prevalente em homens, no período da adolescência, e naqueles que fazem uso de esteroides anabolizantes.

Testosterona e calvície

Grande parte da testosterona secretada é convertida perifericamente em DHT (dihidrotestosterona, pela enzima 5-alfa-redutase), que é um derivado várias vezes mais androgênico e está diretamente ligado à calvície.

Um homem que não tem testículos não produz quantidades significativas de testosterona e não se torna calvo. Porém a DHT não é o único fator implicado na calvície, ela precisa ser sobreposta a uma herança genética para provocá-la.

O tratamento utilizado para calvície é justamente o de impedir que se forme mais DHT, inibindo a enzima 5-alfa redutase, um exemplo de droga é a Finasterida.

Testosterona e voz

É a testosterona que provoca o engrossamento da voz em adolescentes e mulheres que utilizam anabolizantes de alto poder androgênico. O mecanismo é a hipertrofia da mucosa e alargamento da laringe, região onde ficam as cordas vocais. Se o ar passa por um “cano” de maior diâmetro, o som sai mais grave.

Como no adolescente os níveis de testosterona não diminuem, a voz permanece grave. Em mulheres que fazem uso de andrógenos essa alteração pode ceder com a interrupção do uso.

Referências

Tratado de Fisiologia Médica 11ª edição, Guyton & Hall.

Acne e dieta: verdade ou mito? Adilson Costa, Denise Lage, Thais Abdalla Moises. An Bras Dermatol. 2010;85(3):346-53.

Alteração da relação testosterona:cortisol induzida pelo treinamento de força em mulheres, Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 3 – Mai/Jun, 2004.
Resposta divergente da testosterona e do cortisol séricos em atletas masculinos após uma corrida de maratona, Arq Bras Endocrinol Metab vol.50 no.6 São Paulo Dec. 2006.

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